A impotancia do Turismo para a economia nacional em 2023 Se dúvidas houvesse, a recuperação do setor do turismo no pós-pandemia veio demonstrar a importância e o peso que representa na economia portuguesa. Os números apontam para uma superação rápida e contínua do setor. 24 fev 2023 min de leitura Dados do Banco de Portugal revelam que o saldo entre exportações e importações do turismo cresceu 17,3% face a 2019, chegando a 13.938 milhões de euros. E também as receitas arrecadadas com o turismo demonstram que o setor recuperou em força e volta a ocupar um espaço de primeira grandeza na economia nacional, ao atingir os 22 mil milhões de euros no ano transato, valor que ultrapassa em cerca de 20% o registado em 2019. E para 2023, o que esperar? Há previsões animadoras para os próximos anos. O crescimento do setor deve manter-se no médio prazo, com o Banco de Portugal a prever, no seu boletim de dezembro, que em 2023 "as exportações do turismo deverão crescer 8,6%, beneficiando da Jornada Mundial da Juventude que terá lugar em Portugal no terceiro trimestre". Para 2024-25, "assume-se que esta componente cresce ligeiramente acima da procura externa". Os números traduzem uma tendência positiva e que se estende, não só a Portugal, mas também ao resto do mundo - o turismo mundial vai crescer 6% e empregar mais 126 milhões de pessoas na próxima década, segundo o Conselho Mundial de Turismo. Mas o setor tem os seus desafios para responder. Em agenda está a crise de recursos humanos. Milhares de trabalhadores abandonaram o setor, em resultado das medidas aplicadas para combater a covid-19. Em 2019, o turismo empregava indiretamente aproximadamente 1.01 milhões de pessoas em Portugal. No ano de 2021, passou a empregar indiretamente cerca de 900 mil pessoas (quase 19% do emprego total a nível nacional). Entre as causas apontadas pelos trabalhadores para a reduzida atratividade do setor estão a precariedade, os salários baixos e os horários desgastantes. Relativamente às condicionantes externas - uma vez que o turismo, como todas as atividades económicas, sobrevive num ecossistema interdependente - verifica-se a necessidade de responder a um clima económico e social à escala global que levanta inúmeras dúvidas e receios. Fruto disso, será ainda maior o impacto numa aposta estruturada em bons e talentosos recursos humanos, cruciais para uma crescente qualidade da oferta do setor. Apenas 13% dos trabalhadores do turismo possuem um curso superior. Em contrapartida, 54% dos trabalhadores do setor em Portugal têm como habilitações literárias, o 3º ciclo e 33%, o ensino secundário. O futuro passa pela aposta na renovação do setor, com o afastamento progressivo de um conceito e de uma oferta massificada, e, como consequência, no investimento em equipas mais especializadas. À medida que Portugal se torna num destino cada vez mais popular entre turistas, importa assegurar o crescimento sustentável da atividade. Por outro lado, os desafios económicos atuais, nomeadamente a inflação generalizada, a crise energética e a possibilidade não descartada de uma recessão a nível mundial para 2023, poderão ser um entrave à oferta de melhores salários e condições aos trabalhadores, devido ao aumento dos preços das matérias-primas e fornecimentos. Dessa forma, o mercado de recrutamento vai continuar a apostar em mão de obra estrangeira, principalmente oriunda de países como o Brasil, Índia e também do continente africano. Apesar das condições financeiras subjacentes ao setor serem consideradas insuficientes em Portugal, a população destes países é aliciada pela remuneração e os benefícios fiscais. Uma tendência é certa: a procura turística vai continuar a crescer, a par do retorno à normalidade com o abrandamento dos efeitos da pandemia covid-19. António Marto, Presidente do Fórum Turismo e Fundador da Bolsa de Empregabilidade Fonte: dinheirovivo.pt Partilhar artigo FacebookXPinterestWhatsAppCopiar link Link copiado